colunistas do impresso

Reflexões a partir de uma pandemia

style="width: 100%;" data-filename="retriever">

Sem pedir licença, um vírus chegou no mundo, forçando mudanças de comportamentos. Noticiários alertam sobre a capacidade de transmissibilidade do inimigo invisível. A cada minuto, os avisos são claros a respeito de cortarmos a propagação, ficando em casa e ampliando os cuidados de higiene.

Quando se imagina que teremos só demonstrações de cidadania e solidariedade frente a essa pandemia, surgem fake news e pessoas que fazem estoque de álcool gel e máscaras, desequilibrando o abastecimento. Uma corrida desenfreada às farmácias, fazendo com que faltem remédios para malária e doenças autoimunes (que estão em fase de teste para o coronavírus). O que temíamos está acontecendo: várias cidades identificam o acréscimo de casos de violência contra as mulheres, pelo fato de algumas estarem mais tempo no mesmo ambiente que seus algozes.

Não bastassem as angústias diárias geradas pelo isolamento, imprescindível, ouvimos depoimentos de empresários, conhecidos nacionalmente, sobre suas preocupações com a baixa nos lucros. As falas salientam que seriam "só" milhares de pessoas que morreriam e o que seria isso frente ao rendimento que deixarão de ter nesse período? Pior do que isso, assistimos, incrédulos, em rede nacional, ao pronunciamento de quem ocupa lugar de liderança do país dizendo, entre outras coisas, que se trata de uma "gripezinha" e autorizando o povo a voltar para as ruas. Inadmissível! Definitivamente, não é a postura que se espera de um governante.

Isso tudo foi dito depois de todo o esforço para manter alguns moradores afastados de aglomerações. Infectologistas, em horário nobre, advertem sobre a necessidade da quarentena. Medidas drásticas, como a arrancar os bancos do Calçadão, foram tomadas para que os idosos não permanecessem no espaço público.

Por outro lado, penso que podemos elogiar as demonstrações de solidariedade que estão ocorrendo em nossa cidade. Observamos um movimento ágil de acolhimento dos moradores de rua no Centro Desportivo Municipal. Grupos se uniram para entregar, gratuitamente, alimentos e água nas comunidades mais distantes. Psicólogos oferecendo atendimento virtual para auxiliar os que poderão ficar abalados. Hotel disponibilizando leitos para os profissionais de saúde descansarem e não colocarem suas famílias em risco. Bilhetes colados em prédios e casas oferecendo ajuda para os idosos para as compras no mercado e farmácia. Universidades produzindo álcool gel, protetores e outros insumos e gerando pesquisas na busca de saídas para essa crise gerada pelo vírus. Acadêmicos, de diferentes instituições de Ensino Superior, respondendo on-line questionamentos da população sobre o Covid 19, evitando dessa forma uma corrida desnecessária aos serviços de saúde.

Agradeço, profundamente, possuirmos um Sistema Único de Saúde. Um sistema descentralizado, que, apesar das dificuldades, é reconhecido mundialmente por oferecer atendimento universalizado, equitativo de forma integral. Orgulho dos profissionais de saúde que enviam mensagens dizendo que estão lá por nós e imploram para ficarmos em casa.

Se não aprendermos sobre empatia nesses tempos de Covid 19, sinto informar, mas sua doença é bem mais grave do que enfrentar um vírus. Faça a sua parte. A cidade, coração do Rio Grande, está demonstrando o quanto os nossos corações são valiosos e permaneceremos em casa.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Contraponteando Anterior

Contraponteando

Necropolítica Próximo

Necropolítica

Colunistas do Impresso